Domingo de chuva fina, feriado municipal de aniversário de 131 anos de fundação da cidade de Joinville, 9 de março de 1982. Nessa época o aeroporto ainda não possuía VOR. O GPS ainda era um sonho distante e o aeroporto contava apenas com dois NDB como auxílio a navegação. Apesar da garoa fina, havia muita gente no aeroporto para testemunhar o momento histórico. Mas, ao contrário de algumas empresas que hoje operam por aqui, a pioneira não decepcionaria. Mesmo com a chuva, por volta de 13h00, pousa no aeroporto o primeiro voo comercial com uma aeronave a jato.
Boeing 737-200 da Varig |
Era um Boeing 737-200 da Varig, empresa que retomava os voos para nossa cidade após deixar de operar por algum tempo. Estava inaugurada uma nova era no transporte aéreo em Joinville.
Parte I - Os Primeiros Anos
Até meados dos anos sessenta a Varig operava em Joinville com voos diários ligando a cidade a São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, através dos voos 642, 643, 648, 649, 730, 731, 746, 747, 748 e 749. Nessa época o país tinha perdido algumas empresas aéreas e, entre as restantes, as maiores eram Varig, Cruzeiro, Vasp e Transbrasil. Poucas rotas no Brasil eram feitas com aeronaves a jato e o equipamento que predominava eram as aeronaves turbo-hélice. A Varig utilizava nos voos para Joinville inicialmente os Douglas DC-3 e Curtiss Commando C-46, ambos a pistão, e a partir da década de 60, o Avro-748 (HS-748/BAe-748) apelidado na Fab de Álvaro, turbo-hélice. A Cruzeiro utilizava o Namc YS-11 apelidado na Vasp de “Samurai”. Com a compra da Cruzeiro pela Varig em 1975, a Varig passou a utilizar os “Samurai” em seus voos para Joinville. Eram os voos RG130/131/132/133 que ligavam São Paulo, Joinville e Itajaí. A segunda metade da década de 1970 foi marcada por uma mudança nos equipamentos usados pelas empresas aéreas que passaram a utilizar aeronaves a jato nas linhas domésticas, sendo a única exceção a Varig, que utilizaria os Lockheed Electra II exclusivamente na ponte aérea entre Rio de Janeiro e São Paulo até meados da década de noventa. Como muitos aeroportos não estavam preparados para receber as novas aeronaves, em 1976 o Ministério da Aeronáutica criou o Sitar, Sistema Integrado de Transporte Aéreo Regional, com o objetivo de ligar os pequenos aeroportos aos maiores através de novas empresas que utilizariam aeronaves menores. Também foi uma forma de promover a venda do Bandeirante, EMB-110, primeira aeronave fabricada pela então novata Embraer. Foram criadas as empresas regionais Tam, Votec, Taba, Nordeste e Rio-Sul, sendo esta última a responsável pelo transporte de passageiros nas regiões Sul e Sudeste. Com a retirada de serviço dos últimos Avro e Samurai, o aeroporto de Joinville deixava de ser servido pela Varig/Cruzeiro e a Rio-Sul assumia os voos com seus Bandeirantes. A Infraero, que havia assumido a administração do aeroporto em 1974, iniciou a partir daí a ampliação da pista de pouso para permitir a operação de aeronaves a jato. O piso seria reforçado e a largura da pista passaria a 45 metros mantendo o comprimento de 1640 metros, inalterado até hoje. Durante a reforma da pista o aeroporto deixaria de receber voos comerciais por muito tempo.
Curtiss C-46 PP-VBM da Varig (Acervo do Aeroclube de Joinville) |
HS/Avro-748 PP-VDV da Varig (Acervo do Jetsite) |
Namc YS-11 PP-CTF da Cruzeiro (Acervo do Jetsite) |
Gilson Silveira
Joinville Spotting
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